Chegado o Verão, é para mim tempo de modorra e ataraxia, duas palavras que já usei pelo menos uma vez nos meus livros, e que traduzem na perfeição o meu estado de espírito durante a época estival. Embora este tenha até agora sido dos melhores Verões de que há recente memória (para quem não sabe, eu gosto de ver o céu carregado), não deixou de incutir em mim um estado de espírito que só pode ser comparado ao de um lagarto sobre uma laje quente exposta ao Sol.
Como tal, a actividade não tem sido grande por estas bandas, pois a falta de apetite que o calor me causa reflecte-se directamente nos sucos criativos, que por esta altura começam a fermentar que nem uvas. Ainda não comecei a escrever o sexto volume, mas já tenho uma boa ideia daquilo que nele vai acontecer. Já sinto o nervoso miudinho que antecede cada volume, uma sensação parecida com o estar prestes a saltar de um muro alto, e que apenas desaparece quando nos damos conta de que não morremos. Escusado será dizer que, após cinco volumes, o raio do muro está bastante alto…
A propósito, o Vagas de Fogo esgotou recentemente, e já vai na segunda edição. 5.000 exemplares vendidos em quatro meses. Não sou nenhum Harry Potter, mas tanto eu como a editora estamos satisfeitos, e tenho apenas a vocês, os leitores, a quem agradecer. Obrigado.
Nem tudo tem sido ronha, contudo. Tenho andado a preparar o resumo da história que pretendo apresentar a umas editoras islandesas quando passar por lá em Setembro (para quem não sabe do que estou a falar, ou não percebe por que carga de água o haveria de publicar na Islândia, mais tarde explicarei noutra entrada), e o Samuel Santos está a trabalhar afincadamente (espero) nos desenhos. Gostei da minha estreia no mundo da BD com o Talismã, e como é um meio do qual gosto bastante, decidi investir novamente, desta vez com um projecto de minha inteira criação. Não só isso, mas vou passando também os dias a pesquisar toda uma série de assuntos que em nada ou muito pouco estão relacionados com as Crónicas, isto já a pensar nos outros livros que eu gostaria de escrever. Faltam apenas dois volumes para eu dar por terminada esta fase da minha vida, e há que pensar no futuro. Nada como a agridoce inactividade do Verão para o fazer.
Bom, por hoje é tudo. Se nada mais acontecer, vemo-nos em Setembro, onde conto ter algumas novidades. Boas férias a todos, cuidado com os excessos, e não se esqueçam de levar livros para a praia. Tapam melhor a cara do que as mãos.