Por fim, uma entrada não destinada apenas a marcar presença.
No dia 1 de Janeiro de 2008, motivado por uma das resoluções para o Novo Ano, saltei por fim do metafórico muro, embora ainda não me tivesse mentalizado completamente para a queda. Encontro-me neste momento em queda livre e a esbracejar em pleno ar, mas agora está feito, e o único caminho é para baixo (ou, neste caso, para o Epílogo).
Para quem não leu a entrada anterior, estas analogias de duvidosa qualidade literária significam que comecei a escrever o sexto volume das Crónicas. Após um ano de meias-tintas, falsas promessas, estimativas erróneas e desculpabilizações recorrentes, estão agora escritos o Prólogo, o primeiro capítulo, e três quartos do segundo. Após um algo embaraçoso reencontro com os personagens – no qual levei algum tempo a recordar-me das respectivas «vozes» de alguns, o que me fez sentir tão culpado como se me tivesse esquecido do dia de anos de um amigo próximo – vi-me confrontado com uma extensa lista de afazeres preguiçosamente protelados pelo Vagas de Fogo.
Foram necessários imensos ajustes ao esqueleto do livro, e não foram poucas as vezes que amaldiçoei esta ou aquela decisão num livro anterior, mas, como é hábito nestas coisas, tudo acabou por encaixar no fim, para grande alívio meu. O descanso foi porém curto, pois estou bem ciente de que este é o penúltimo volume de uma história que comecei a conceber treze anos atrás. Agora não é a altura de relaxar ou tentar despachar as coisas, por muito que eu queira ver este livro terminado, para poder contemplar nas minhas mãos a fantástica capa que o Samuel está a conceber (mais tarde exporei uma amostra por estas bandas).
Ah, e antes que eu me esqueça, o livro intitular-se-á «O Fado da Sombra», e conto acabá-lo ainda este ano. Não falo é de lançamentos no Natal nem coisa que se lhe pareça, que fartos de falsas promessas estarão certamente vocês, os leitores, sobretudo os que me questionam a respeito disso nas feiras do livro. Podia prometer que «nada será o mesmo depois disto», que certos personagens «tomarão decisões chocantes e imprevistas», e que os acontecimentos do enredo irão «mudar Allaryia como (mal) a conhecemos», mas isso seria apenas promoção hiperbólica. A única coisa que posso mesmo prometer é que desta vez, os agradecimentos estarão novamente escritos em Português.
Até à próxima, então, e obrigado pela vossa paciência. Estou certo de que o sexto volume virá a ser digno dela.