Nome original: Vasilisa Prekrasnaya
Origem: Rússia
Conto original: Vasilisa, a Bela
Quem conhecia o conto original (ou quem passou a conhecê-lo) rapidamente se aperceberá de que, além das diferenças cosméticas e superficiais que a minha versão partilha com todos os outros contos, o da Vasilisa teve mais alterações ainda que os restantes, antes de sequer chegar à parte em que as coisas começam a correr mal. Não existe qualquer referência aos cavaleiros negro, vermelho e branco, a Vasilisa não passa uma temporada a trabalhar para a Baba Iaga, etc. Tudo por uma razão muito simples: trata-se de um conto bastante longo, mesmo sem se tratar da versão completa que inclui a subsequente viagem à cidade, e o prólogo de O Perraultimato já estava grande q.b. sem uma Vasilisa integral a engrossá-lo ainda mais.
Uma outra baixa foi a fiel boneca da Vasilisa, que originalmente iria acompanhá-la durante as suas aventuras com o grupo, e para a qual eu já tinha inclusive idealizado interacções muito sui generis com os outros companheiros. Havia no entanto um problema: com Aprendiz e os seus espíritos, Burra e o Diabo, e mesmo a presença silenciosa da caveira da Baba Iaga, corria o risco de formar uma autêntica trupe paralela ao grupo se incluísse também uma boneca com laivos de Noiva de Chucky. Assim, e não sem algum pesar da minha parte, a bonequinha teve mesmo de provar do seu próprio remédio no prólogo…
Mesmo com todos estes cortes e ajustes, a Vasilisa foi a minha terceira escolha para o grupo, logo a seguir às personagens mais conhecidas como Capuchinho Vermelho e Aprendiz de Feiticeiro. Lembrava-me dela graças a um livro de contos de fadas russos da minha infância e à daí resultante imagem de uma caveira de órbitas flamejantes que reduzia pessoas a torresmos, que me acompanhou durante muitos anos. Juntando a isso a liberdade artística da qual fiz uso para dar uma interpretação diferente ao relacionamento da moça com o fogo, a Vasilisa assentou que nem uma luva no mundo lúgubre de Felizes Viveram Uma Vez e tornou-se possivelmente no mais intrigante membro de tão díspar pandilha.