Os burriks sempre foram um corpo estranho em Allaryia. A prole do deus Kispryn – que, em resultado da sua ousadia, teve a mão decepada e passou a ser um pária à semelhança da sua própria criação – nunca se integraram verdadeiramente entre humano, eahan ou thuragar. Nem tão-pouco criaram um legado, ou mesmo algo que se assemelhe a uma cultura que vá para lá de um código de conduta tribal; e mesmo esse, de tão variável, flexível ou pura e simplesmente ignorado, mal pode ser considerado como tal. Em boa verdade, são pouco mais que uma praga parasita mas inofensiva, que vive à margem das sociedades e sempre se limitou a meramente existir.
Contudo, é bem possível que se venha a assistir a uma total inversão de paradigma. Com o silêncio dos deuses, estas criaturas folclóricas começam a adquirir uma dimensão quase mitológica, a serem vistas como uma via de comunicação com as desaparecidas divindades, uma vez que foram criadas por uma. E, com o oportunismo que se lhes conhece, será impossível prever como as fragmentadas comunidades dos burriks irão lidar com o seu novo lugar num mundo que nunca verdadeiramente lhes concedeu um.
I̋gonere, escolar da Universidade de Atha
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