Continuo sem nada de concreto para anunciar no que à sequela do Dragomante diz respeito, além de que o Manuel já começou a trabalhar nela. Estou tão ou mais ansioso que os leitores para o ver dar vida ao argumento, porque o meio da banda desenhada tem um processo muito diferente da escrita, com um pró e um contra bem distintos a equilibrarem a coisa.
Por um lado, tenho o privilégio de ver um artista talentoso como o Manuel a dar vida às minhas palavras, coisa que não acontece quando escrevo um livro. Por outro, para bem ou para mal, nem tudo o que escrevo vai ser fielmente retratado, e certas coisas acabam alteradas. É por isso que uma BD é uma colaboração, na qual o tipo dos lápis manda bitaites ao tipo do teclado, e o tipo do teclado se arma em artista, tentando puxar a brasa à sua sardinha à laia de retoques sugeridos.
Por esses e outros motivos, gosto sempre de ensaiar os balões quando a arte já está em processo de finalização. Nem sempre é possível ou exequível, mas dá-me um gozo particular ver o resultado semifinal antes de sequer o legendador tocar nos desenhos. Ajuda-me sempre a ajustar o texto à arte, a ver em que partes é que me posso «esticar», e quais os painéis que precisam de «respirar» mais um pouco.
Venho então partilhar convosco umas páginas do primeiro livro do Dragomante. Como podem ver, também aproveitei para brincar um pouco com o texto e evidenciar certos efeitos, mas fazê-lo fez-me perceber a verdadeira arte que é um bom trabalho de legendagem. Por isso, remeto-me ao meu galho assim que entrego os estudos e não fantasio sequer com a ideia de fazer algo mais além de escrever argumentos. Mas espero que gostem, ainda assim.