Agora que já comecei a escrever Os Filhos do Caos, posso afirmar que os thuragar vão ter o seu papel a desempenhar, e pus-me a reflectir acerca do dos anões na fantasia em geral.
Ao contrário dos elfos, que, apesar da sua imagem feérica, já por várias vezes assumiram contornos com mais nuanças (terroristas, supremacistas, ocasionalmente até maus da fita), os anões tendem a ser os baixinhos lixados com os quais todos preferem não se meter, mas que ficam satisfeitos metidos no seu canto. Às vezes, foram eles que tomaram conta dos humanos e lhes permitiram sobreviver; outras, são os defensores do mundo de fantasia em que se inserem; noutras ainda, mostram-se particularmente resistentes às forças do Mal, seja ele qual for.
Já foram criadas umas quantas raças ou subespécies malignas de anões, mas, de modo geral, os baixinhos barbudos têm sido razoavelmente consistentes na forma como são retratados. Razão pela qual me achei no direito de chamar thuragar aos «anões» de Allaryia, pelo simples facto de que, aqui, eles foram criados a partir dos humanos, literalmente a partir do pior que neles havia. Com as devidas excepções, thuragar não são flores que se cheirem, não vivem em opulência subterrânea, nem são por natureza mais gananciosos que o mais ávido humano. Invejam os humanos (e os eahan, claro está) por não serem feios e atarracados e guardam-lhes rancor por um complexo de inferioridade ancestral que os levou a viver nas profundezas da terra, razão pela qual agora se revelam como terroristas sapadores.
Claro que há coisas que se mantém. São duros de roer devido à vida difícil que levam, artesãos sublimes devido ao seu contacto íntimo com a natureza mineral, e tendem a usar barba porque são naturalmente hirsutos, não se preocupam com o seu aspecto, e porque faz frio nos subterrâneos. Machados é que os thuragar não usam (embora o Worick empunhasse um nos primeiros dois desenhos que dele fiz, como podem ver acima), porque são armas que dão pouco jeito nos subterrâneos e não jogam a favor dos atributos físicos de quem é mais atarracado.
No fundo, os thuragar são mais tirantes aos elfos negros da mitologia nórdica, acerca dos quais ainda hoje se discute se são ou não permutáveis com os anões como comummente os conhecemos. Uma coisa é certa: não são os anões porreiraços com as suas idiossincrasias próprias e que gostam de viver debaixo de terra, mas seres rancorosos que vivem nos alicerces do mundo no qual julgam ter sido considerados indignos de viver. E agora ainda vêm os Filhos do Caos meter-se ao barulho…
Posta esta reflexão, deixo-vos com uma banda que vem a propósito, visto que algumas pessoas já a classificaram como dwarf metal. Não é o tipo de música que ouço quando estou a escrever sobre os thuragar, mas achei que seria apropriada para o tema em questão.