Inspiração é algo de muito bonito, mas a minha carreira literária desde muito cedo que se pautou pela pesquisa, porque fantasia não é sinónimo nem desculpa para inverosimilhança. E a própria pesquisa muitas vezes deu-me ideias ou plantou sementes que mais tarde nelas germinaram, razão pela qual a preparação de um livro sempre me deu tanto gozo, por isso venho hoje partilhar convosco alguns dos meus mais antigos e fiéis recursos:
O Dicionário Prático Ilustrado Lello (edição de 1979). Com “2026 páginas, mais de 100 000 vocábulos” e “cerca de 6000 gravuras a preto”, é dos dicionários mais completos que alguma vez vi, bem como uma fonte infindável de arcaísmos e de palavras menos comuns. Foi-me bastante útil numa altura da vida em que me faltavam nomes para partes de armaduras, como podem ver nesta gravura:
Por falar em armaduras, o seguinte livro acompanhou-me durante boa parte da minha infância, estimulando a minha imaginação com objectos cortantes, perfurantes e contundentes, e foi ele também uma referência fiável e constante: o volume Armas e Armaduras da série Enciclopédia Visual. Nem sempre é rigoroso com a terminologia (desde tenra idade que «espada de corte» me irrita e enche as medidas em igual medida), mas tem uma verdadeira panóplia de armas de todas as formas e feitios para referência visual, e ensina uma série de termos importantes.
O Dicionário dos Símbolos já me foi útil para mais do que um projecto, desde livros, a trabalhos escolares, a páginas de fãs dos Manowar. Sempre que preciso de um objecto, número ou animal que signifique mais do que aquilo que aparenta, de relacionar um dos três, ou de soar mais profundo do que aquilo que realmente sou, é invariavelmente a este livro que recorro.
Ainda no tópico da verosimilhança, e como sou um purista da pior espécie, a História Natural de Portugal e da Europa ajudou-me na missão de manter Allaryia livre de laranjas. Este livro foi também responsável pela substituição de «carcaju» por «volverino», coisa de que, em retrospectiva, hoje me arrependo. Mas continua a ser-me tão útil, e o seu índice remissivo em latim é um recurso tão precioso, que assumo eu a responsabilidade e não o culpo por esse pormenor.
Por fim, um dos livros favoritos da minha colecção: So lebten sie im Mittelalter und zur Zeit der Ritter und Burgen (Assim se vivia na Idade Média e no tempo dos cavaleiros e dos castelos). Se tivesse de escolher uma das grandes influências no meu apreço e fascínio pelo medievo, este é sem dúvida um dos grandes responsáveis desde a longínqua década de 90, quando primeiro o vi na biblioteca da minha escola. Informativo, belamente ilustrado e a abarrotar de todo o tipo de detalhes, já perdi a conta à quantidade de cenas e capítulos que foram baseados em ilustrações ou detalhes nele contidos.
São estes os meus mais fiáveis recursos. Para quem está no canal do Telegram (e por que espera quem ainda não está…?), a que livros costumam vocês recorrer, seja na escrita, no trabalho, no dia-a-dia, ou no que for? E não hesitem em fazer as vossas próprias recomendações, porque livros podem ocupar espaço na prateleira, mas o saber certamente não ocupa o lugar.