O que temos nós aqui? Uma entrada acerca do Felizes Viveram Uma Vez, cinco anos mais tarde?
É verdade. E, embora não consiga deixar de sentir que estou a ser algo prematuro, a verdade é que, ao fim de mais de uma década(!) de espera que já começa a fazer-me parecer os Jorges Martins desta vida, julgo que os leitores do Felizes Viveram Uma Vez merecem mais do que a réstia de vaga esperança que aqui deixei. Tive ontem uma epifania e, apesar de ainda ser algo a quente, julgo que posso dizer que tomei finalmente uma decisão.
Arranjar tempo para dedicar à escrita do Contos de Malfadadas, mesmo a passo de caracol, tem sido praticamente impossível. E a série, como já deixei bem claro, infelizmente não foi acolhida por um número suficiente de leitores para que a minha editora esteja particularmente interessada em publicar um bruto calhamaço para a concluir. Mas há uma coisa extra para a qual tenho arranjado tempo, à qual até me tenho dedicado, que tem dado alguns frutos e que começa a prometer uma safra proveitosa no futuro. Falo das minhas incursões no mundo do 3D através do Blender, com o qual me sinto cada vez mais à vontade e no qual estou a evoluir a um ritmo que me satisfaz.
Qual a relação disto com o Felizes Viveram Uma Vez? Bom, os leitores da série certamente se lembrarão de que O Perraultimato teve ilustrações, e esse precedente deu-me uma ideia: já que eu estou activamente a investir tempo no Blender e a apresentar resultados, porque não tirar partido disso e começar a modelar o Borralheiro & cia.? E porque não montar umas cenas com eles? E porque não usar essas cenas como ilustrações e conjugá-las com algum texto para contar a história de forma abreviada, nos moldes de um livro infantil (sem o ser)? E porque não publicar isso aqui neste espaço, juntando o útil (continuar a treinar no Blender) ao ainda mais útil e agradável (concluir a história do Felizes Viveram Uma Vez)? Seria uma solução de recurso, obviamente, longe da ideal, mas permitiria aos leitores e a mim um desfecho há muito aguardado e, francamente, devido.
Não irei começar já, pois ainda estou a concluir o meu mais recente projecto no Blender, e ainda queria fazer pelo menos outro para treinar cenários e edifícios. E praticamente todas as figuras que até hoje criei foram concebidas para ser estáticas; há todo um outro rol de técnicas quando se pretende reutilizar e alterar as posturas e expressões. Mas acho seguro dizer que irei começar ainda este ano e, quando sentir que estiver pronto, começarei a publicar capítulos esporadicamente por aqui.
Estou ainda a matutar outras ideias, mas não queria colocar a carroça à frente dos bois e hoje fico-me apenas por esta novidade, que espero que seja do agrado dos leitores do Felizes Viveram Uma Vez. Se tiverem algumas ideias ou sugestões, ou quiserem apenas partilhar impressões, estejam à vontade para usar o grupo do Telegram ou e-mail. E não queria deixar de agradecer a vossa paciência e persistência; as mensagens que tenho recebido ao longo dos anos e as conversas em feiras do livro e que tais foram água mole em pedra dura e ajudaram-me a tomar esta decisão.